PLANTÃO ÚLTIMO SEGUNDO

22 abril 2009

Faço meu próprio discurso

Vivemos em uma Era em que o discurso tornou-se forte a ponto de talvez manipular as atitudes das pessoas. Em 2009 anos da Era Cristã, no mundo ocidental, a discursão em torno do que é certo e o que é errado, o que pode ser feito e o que não pode, deveres subordinados a uma instituição que acha que tem o direito de julgar as atitudes das pessoas, vem quebrando paradigmas que há pouco tempo atrás jamais pensaríamos que seria feito.

Recentemente a Igreja Católica Apostólica Romana, entidade criada pouco antes da Idade Média, com o intuito de explicar e coordenar a vida das pessoas excomungou uma família e os médicos de um hospital em Recife quando foi feito um aborto em uma criança – grávida de gêmeos – fruto de abuso sexual infantil, a pedofilia.

Esta entidade secular, que entra Papa e sai Papa, continua com o mesmo pensamento da era da inquisição.Ao defender a vida, queria por em risco a vida da mãe dos bebês, uma criança de nove anos. Com um discurso inflamado e ignorante, o bispo de Recife, excomungou toda a família, discurso que pode ter sido colocado na cabeça de algumas pessoas e que, ao lado do Santo Padre, pode ter influenciado algumas pessoas a pensar igual. Lendo Michel Foucault passei a perceber o quanto falar pode ser perigoso.

Foucault diz que o discurso está na ordem das leis; que há muito tempo se cuida de sua aparição; que lhe foi preparado um lugar que o honra, mas o desarma. E concordo plenamente com ele. Exemplifico essa passagem dizendo que em muito fácil condenar uma pessoa, apontar o dedo, sem olhar para si mesmo, e que o mesmo pode acontecer consigo. Os políticos, por exemplo, costumam chamar um ao outro de corrupto, de ladrão, desonesto. Lembro-me agora de um caso peculiar do Senado brasileiro, quando Antonio Carlos Magalhães, presidente da Casa, acusou o senador Jader Barbalho (PMDB-Pará) de corrupto, devido a denuncia ocorrida na Superintendência de Desenvolvimento do Amazonas (SUDAM). Este mesmo político, poucos dias depois, foi acusado burlar o painel eletrônico de votação do senado, (votação secreta) e fazer chantagem com a senadora do PT Heloísa Helena.

Aplicando Foucault para os dias atuais trago o tabu do objeto ao analisar o filme Alexandre, um filme de Oliver Stone. Na Grécia antiga, homem dormir com homem, o homem beijar a boca do homem, um homem poder amar outro homem era comum e não era condenado pela sociedade. Alexandre era apaixonado por Heféstion e segundo Ptolomeu ele jamais foi derrotado, exceto pelas coxas de Heféstion. Exemplifico um dos procedimentos de exclusão ao analisar o comportamento de minha avó ao ver uma passagem do filme quando o professor de Alexandre fala sobre o amor de Aquiles por Pátroclo e termina dizendo: “Quando homens se deitam juntos por luxúria estão se rendendo as paixões e nada acrescenta para a nossa excelência. Mas quando os homens se deitam juntos e trocam conhecimento e virtude, isto é puro e excelente. Quando eles competem para obter o melhor um do outro esse é o amor entre os homens que pode construir uma cidade-estado e nos tirar dessa vida desta vida medíocre.” Minha avó se recusou a assistir ao filme induzida por uma realidade vivida por ela em que o homem nasceu para a mulher e vice-versa. Não se eu é que estou velho ou se Foucault enxergou muito tempo adiante quando fazia seus discursos.

José Saramago, ao iniciar o livro Ensaio Sobre a Cegueira, diz: “Se tem olhos ver. Se ver, repare”. Muitos de nós não enxergamos a nossa própria realidade, o que nos esta em volta devido a um discurso em que os oprimidos, os pobres, os fedorentos são os excluídos da sociedade e nada podemos fazer para reverter. Será?!

O discurso que remete a sexualidade ainda é um tabu a ser quebrado. Foucault diz em a Ordem do Discurso, que o discurso está longe de ser esse elemento neutro ou transparente no qual a sexualidade desarma e a política se pacifica.
Na era Cristã, a sexualidade é reprimida. O prazer é proibido, seja ele qual for. O homem não conhece seu próprio corpo. Voltando a Igreja Católica, a verdade defendida por ela para se chegar ao reino dos Céus, acaba revelando um Deus malvado e que o castigo é a única forma de punição, tendo em vista a busca do prazer.

Esse paradigma quebra quando os renascentistas fazem uma revolução na Idade Moderna. Foucault diz que a vontade de saber o que prescrevia o nível técnico do qual deveriam investir-se os conhecimentos para serem verificáveis e úteis começa a partir da grande divisão platônica, a vontade da verdade tivesse sua própria história (...). O filme o Código daVinci mostra uma outra verdade sobre a vida de Jesus que muitos acreditam. E não penso que tenha que ser condenado. Cada um aceita, cada um faz o seu discurso.

14 abril 2009

Sociedade Hipocrita ou hipocrita sociedade?

Ser homossexual em qualquer lugar é motivo de piadinhas, de brincadeiras fúteis na maioria das vezes de baixo calão.Muitas das vezes esse tipo de ironia sarcástica acontece na própria família que não aceita que o filho ou filha possam assumir sua identidade sexual contraria ao que a sociedade determina como padrão.
Segundo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, a palavra homossexual significa o individuo que pratica ou tem afinidade sexual com indivíduos do mesmo sexo. O gay, seja ele masculino ou feminino, sente prazer em esta próximo intimamente com indivíduos iguais fisicamente.Mas se assumir gay ou lésbica perante a sociedade não é fácil. Com uma visão antiquada, voltada a doutrina religiosa e patriarcal, a sociedade não aceita a comunhão gay. Alega que Deus fez o homem para a mulher e vice versa, pois somente assim haverá amor e ocorrerá a perpetuação da espécie.

As atitudes hipócritas de determinados conjuntos de indivíduos, deixa claro o quanto o homossexualismo é repudiado. Expressões com “viado tem que apanhar para aprender ser homem”, é dita corriqueiramente. Travestis, gays, transformistas, são objetos de abusos físicos e morais nos guetos e ruas dos grandes centros urbanos.

A equidade, ou seja, o sentimento de justiça que impõe o reconhecimento dos direitos de cada um, ou um critério de julgamento legal, é motivo de luta do mundo homossexual. Ter o direito de ir e vir, de freqüentar os lugares com liberdade, de expressar seus sentimentos sem ser coibido pela sociedade é motivo de luta para os gays do mundo todo. Porem, paira uma pergunta: Desde quando há repudio aos gays na sociedade?

Sabe-se que Alexandre, O Grande imperador do reino da Macedônia era homossexual e o reino a quem ele dominava, aceitava sem haver repressão. A pratica homossexual entre os samurais chineses era na aceita no meio, como um fato corriqueiro. Porem com o advento do Cristianismo estimulado pela Igreja Católica Romana, os relacionamentos gays começaram a ser condenados. Eram tidas com transigências demoníacas e que tinha que ser abolidas.

Assim a Sociedade Ocidental, passou por uma lavagem cerebral, por parte daqueles que se diziam donos da veracidade. Transformaram-se em verdadeiras detentoras da hipocrisia, falsidades, demagogia, fascistas. As pessoas passaram a perder cada vez mais os seus direitos e ganhar mais deveres.

O Vaticano condena o homossexualismo. A felicidade das pessoas não interessa, o que verdadeiramente importa é o caminho que tem que ser trilhado para a salvação, se é que ela realmente existe. Mas eles, as vitimas do terrorismo moral, vem lutando em busca dois seus direitos legais. Não através de pálidas atitudes, aquelas a serem aprovadas com Congresso Nacional. Mas sim, em grandes e verdadeiras marchas em prol da luta aos seus direitos, ao livre arbítrio em todo o mundo denominado de “Parada Gay”.

Eles estão tendo mais facilidade de conversar com as suas famílias sem ter o medo. Se assumir gay perante os pais ainda é difícil, mas já está começando a aparecer uma luz no final do túnel. Muitas mães e pais já estão aceitando as características, a opção sexual de seus filhos.Laura Finocchiaro, cantora bissexual, autora do “Hino à Diversidade” tema da ultima Parada Gay de São Paulo, diz que “todos os homossexuais – masculino ou feminino – para serem aceitos tem que sair do armário. Fora do palco isso já virou regra.” Para ela não adianta esconder sua opção sexual, pois a felicidade não virá. Para o gay ser aceito ele tem que se aceitar.A saciedade tem que deixar de lado, a idéia antiquada que ser gay é uma doença, ou então uma fase passageira da adolescência. O homossexual tem o direito de amar e ser amado, respeitar e der respeitado.Para finalizar, nada melhor que um trecho do “Hino à Diversidade” de Laura Finocchiaro que cita de forma clara, singela e culta que todos somos iguais e que a vontade de “abraçar”, “acolher” as diferenças do próximo é de grande valia pra o intelecto dos indivíduos. “Abrace a diferença/viver é diferente/ se a gente diz que é gente/ não tem o que nos vença.”

07 abril 2009

Projeto quer revitalizar a Mata Atlantica

A Mata Atlantica, que contém a maior diversidade em flora e fauna do mundo, finalmente será restaurada. Organizações ambientalistas resolveram, de fato, olhar para o prejuizo que é a crescente destruição da Floresta.

O projeto pretende restaurar 15 milhões de hectares da Mata Atlantica até 2050, o equivalente a 1/4 do território da Bahia. É uma iniciativa muito boa tendo em vista a area original que ainda esta preservada. Porém é muito pouco tendo em vista a area natural da Mata Atlantica. Esta iniciativa irá restaurar 20% do que ainda existe. Mas ao meu ver é muito pouco tendo em vista que o projeto irá durar 40 anos.


A floresta tem que começar a ser preservada principalmente nos espaços urbanos. Salvador por exemplo é uma das maiores cidades do país que ainda existe a Mata Atlantica preservada. Mas, a região da Avenida Paralela, local com maior concentraçao da vegetação, está sendo invadida por grandes centros imobiliarios destruindo assim o que ainda resta da Mata Atlantica.


Pode se fazer o melhor projeto de reflorestamento mas se não houver um politica de educação ambiental, o trabalho feito será em vão.

03 abril 2009

Ilê Ayê perde um dos seus fundadores

Hoje a Associação Cultural Ilê Aiyê ficou de luto com a morte de Jonatas Conceição, diretor da entidade, um dos fundadores do Movimento Negro Unificado na Bahia (MNU) e professor da Universidade do Estado da Bahia/UNEB.

Conceição sempre foi ligado à questão sócio-educacional. Um dos responsáveis pela implantação do Projeto de Extensão Pedagógica do Ilê Aiyê, que tem como objetivo qualificar a educação dos jovens negros baianos contribuindo também para a elevação de sua auto-estima.

Sem duvida nenhuma é um grande perda para as lutas sociais. Jonatas Conceição lutava pela inserção da igualdade para o povo negro procurando deixar de lado as separações. Conceição com suas ideologias deixa com um legado muito importante para a fixação da identidade negra na Bahia e no Brasil.

Jonatas era Professor da UNEB, onde lecionava no curso de Letras Vernáculas, no Campus de Euclides da Cunha. Foi roteirista de programas educativos da Rádio Educadora FM e coordenador de produção do programa radiofônico Tambores da Liberdade, voltado para a cultura afro-descendente. Como escritor e poeta ativista, mostrava, com sua arte, os traços da Literatura Negra. Publicou, em 1984, o livro Miragem de Engenho; em 1989, o livro Outras Miragens; em 1992, escreveu o ensaio “Reflexões sobre o Ensino de Português para a Escola Comunitária”.

Jonatas Conceição nasceu em 8 de dezembro de 1952. O seu sepultamento será às 16 horas desta sexta-feira, dia 3 de abril, no Cemitério Jardim da Saudade, em Brotas.